Sabença
para
Governar
versus
Governar
com
sabedoria
Introdução
Nos
últimos tempos
exsurgem no
Brasil as
chamadas 'Escolas
de Governantes'
no intuito
de “formar
um
quadro
qualificado
de
governantes
para
exercer
as
relevantes
tarefas
de
direção
pública”
(ESCOLA
DE
GOVERNO).
Essa
evolução
já
se
conhece
de
época
remota,
dos tempos
da Antiga
Grécia, embora
com com
título,
fundamentos e
currículos
totalmente
contrários aos
que encontramos
hoje.
A universidade exerce
função - essencial e indisponível - no analisar as evoluções e
fenômenos históricos do ser humano e seu meio? Respondendo essa
pergunta poderemos chegar à importância e amplitude do campo de
ação da universidade no âmbito de atuação do homem. Embora essa
pergunta tenda a buscar respostas em litígios avessos, não há de
se distanciar muito de duas grandes linhagens da pesquisa: a teoria e
a prática. No Brasil, a teoria é explorada em demasia; a prática
padece de investigações.
A partir desse
discernimento, nos importa o princípio in disputatione
nascitur veritas eregido por Mariam
Orkodashvili (2009), que “procura discutir
as principais questões
sobre as características e
funções da universidade” e
“tenta identificar os
desafios que a universidade
do futuro terá de
enfrentar” (Ibid., p. 1). E ela pontifica:
O principal argumento que o [seu] ensaio
faz é que, por meio da busca constante pela verdade, através de
discussões contínuas e "disputas", a universidade deve
manter a sua função principal que é a produção de conhecimento.2
(Ibid., p. 1)
Seguindo esses preceitos,
estamos lançando a questão da Escola da Sabedoria versus
Escola de Governantes no âmbito acadêmico, na tentativa de
encontrar o sentido dessa evoluções, o ontológico e o ratio,
a praticidade, a subjetividade e a objetividade, a competência e
necessitudo da sabença para governar e
do governar com sabedoria.
Acreditamos estar
construindo uma base fundamental e propositura de reflexão no
caminho de uma re-engenharia do currículo dessas Escolas de
Governantes, em momento extremamente oportuno, quando o legislador
impôs o encontro do jovem brasileiro com a Sociologia e com a
Filosofia. E o jovem necessita, mais do que antes, desse encontro,
que certamente o livrará de muitas intempéries nos conflitos
oportunistas dessa fase da vida. Apontar sentido de
vida na vida sem sentido
do jovem de hoje é o desafio primordial desse encontro.
Por
que
o cotejo com von
Keyserling?
O início do Século XX se
desenvolveu em meio a grandes conflitos sociais, econômicos e
filosóficos, conflitos de extrema gravidade, que levaram a uma
disputa bélica dizimante de uma boa parte da Europa por morte, fome
e miséria. No espaço filosófico, as temáticas de importância
sempre estavam ligadas a um forte clamor nacionalista, que encaminhou
à fundação da Sociedade Alemão de Filosofia [Deutsche
Philosophische Gesellschaft] em torno de
Bruno Bauch. Essa se aventura em congregar uma
tendência dominante ao tempo, a Wertphilosophie [Filosofia do
Valor], que findou servindo de antídoto ao fenômeno nacionalista
(PONTES[8], 2011).
Muitos daqueles pensadores
com orientação nacionalista tentaram destruir a questão da
humanidade como um todo, para entronizar a nação, no momento em que
os interesses individuais devem ceder aos fins da própria nação.
Estava assim preparado o fértil terreno nidificante do
nacional-socialismo. A partir dessa evolução eclode a Filosofia
keyserlinguiana, fundando uma incondicional oposição às
tendências da filosofia nacionalista, que naturalmente o tornou
abominado inimigo do regime nazista. Como desafeto do Estado ficou
proibido de falar, de escrever e até de viajar; pior ainda, seus
livros foram queimados. Essa mordaça o levou à ruína financeira e
à terrível deslembrança. (Ibid.)
Inicialmente, Keyserling
se dedica à Filosofia da Cultura e da Vida. O seu livro
„Reisetagebuch eines Philosophen“
[Diário de Viagem de um Filósofo] (1918) rendeu-lhe fama enorme
tanto na Alemanha como na Europa e ainda, em várias outras partes do
Mundo. No início da década de 20, Keyserling já desfrutava
de surpreendente fama internacional. (Ibid.)
Mas, é em 1920 que
Keyserling enverga um novo processo, que irá influenciar toda
a prática da Filosofia na Alemanha: a Schule der
Weisheit [Escola da Sabedoria]. Esse constructo
prático-filosófico revela a doutrina keyserlinguiana do
sentido como orientação para
o autodesenvolvimento, concretamente, fazer
da vida algo fértil.
Problematização
Governar com sabedoria é,
desde Salomão, o grande dilema do Estado e dos Governantes.
Entretanto, no serviço público da contemporaneidade encontramos o
culto do adquirir sabença para governar. É o império da
tecnocracia em detrimento da formação ético-humanística para o
exercício da função e do poder público.
Ademais, a nação afoga-se
numa incomensurável crise ética em todos os ambientes
governamentais, públicos e privados. A forte apatia política ou até
descrédito da população embasa uma inércia perigosa para o país,
apesar do volumoso crescimento sócio-econômico nas últimas
décadas.
Dada essas implicações,
se faz necessário o apuro ontológico da questão sub
examine dentro de uma análise profícua e cientificamente
fundada com o desiderato de agenciar uma re-engenharia da conjuntura
formacional do político e do agente público. Nessa linha,
computando o entendimento de alguns autores, resguardados aspectos
deontológicos, se passa a expor aspectos relevantes da visão
conceitual da formação do governante com a aspiração de apropriar
a definição do interesse público nesse espaço.
Nessa degeneração e crise
do homo politicus e da política, cabe buscar
por adjutório filosófico, como encontramos na questão da
Aufklärung [iluminação, esclarecimento] em Kant
(1977; 1985). Daí se vislumbra alguns importantes aspectos que se
possa caracterizar a atividade pública e da cidadania. De início o
pensador alemão anota que a „Aufklãrung é a
emergência do homem de
sua própria auto-infligida
imaturidade”3.
E Kant explica com precisão o termo Unmündlichkeit
[imaturidade]: “Imaturidade é a incapacidade de uso
de seu entendimento sem
a orientação de um
outro”4.
Então, se conclui que, em sendo a Aufklãrung inerente à
atividade pública e da cidadania, exsurge a necessidade dessa
orientação a que se refere Kant.
E Kant (Ibd.)
continua:
Assim é difícil individualmente
para cada pessoa se livrar da imaturidade, que quase se tornou a
sua natureza. 5
[...] Consequentemente, existem só
poucos que conseguiram se desvendar da imaturidade pela transformação
do próprio espírito, e ainda empreender um andar seguro. 6
Como observado, Kant
implica na necessidade da “orientação de
um outro” para que as pessoas comuns
consigam encontrar a Aufklãrung, que mais ainda se faz
necessária no momento em que Kant (1783) discorre sobre o
juízo sintético e analítico.
Uma das mais importantes
obras de Hegel (2005), Fenomenologia do Espírito7
trata essencialmente de consciência, a autoconsciência e a razão,
e assim instala fundamentos para uma atividade do Governante nas
áreas de sua atuação. Em outra obra, “Linhas
Fundamentais da Filosofia
do Direito”8
(HEGEL, 1997), esse autor alemão oferece grandes fundamentos
sociofilosóficos na área do Direito, o que naturalmente reforça a
tese da “orientação de um
outro” nesses ambientes profissionais. Ainda, Gelamo
(2008, p. 156) e Novelli, (2005) discorrem em referência a
Hegel9
sobre sua atividade como pedagogo, quando o primeiro inclui ensinar
Hegel “que os alunos
podem aprender o exercício
da abstração, a qual
se configura como essencial
para o pensamento
filosófico.”
A antes abordada
“orientação de um outro” kantiano, exurge também em
Hegel como “mediação mediada”,
quando ele analisa a aprendizagem da filosofia como também a do
filosofar, ao que relata com muita propriedade Novelli (2005,
p. 147):
A aprendizagem da filosofia ou do
filosofar através de sua história também indica que, para Hegel,
ninguém aprende sozinho, mas sempre através da mediação de um
outro. O professor, os colegas, os textos são mediações pelas
quais a aprendizagem se realiza. A mediação é o momento pelo qual
o real se efetiva ou obtém status do ser como existente. Entre os
textos e os colegas destaca-se a mediação do professor, pois este
pode atuar como uma mediação mediada, isto é, que já assumiu para
si a história da filosofia. Mais do que um facilitador o professor
se põe como um paradigma para os alunos, uma vez que ele mesmo não
chega à história da filosofia senão através da experiência
pessoal com ela. O professor também não é um reprodutor, pois sua
mediação não determinará como a história da filosofia deverá
ser compreendida, visto que o processo do filosofar produz o filósofo
e este, como tal, poderá continuar indagando. Além disso, a
mediação situa sempre a perspectiva do todo ou da superação da
singularidade pela relação com algo mais.
Em toda essa discussão
exsurge Graf Hermann Keyserling
(KEYSERLING [6], 1905), no início do Século XX, com uma estridente
configuração da Filosofia, que lhe rendeu grande reconhecimento e
atenção nos meios intelectuais de sua época. Suas mais conhecidas
obras foram traduzidas para o inglês, para o francês e para o
espanhol provocando também em outros países grande sensação10.
“O efeito do seu
apresentar-se cunhou na
opinião pública as
compreensões daquilo que
um Filósofo possa ser”11
(PONTES, 2011).
Interessante resta observar
que o pensamento de Keyserling teve grande influência no
movimento modernista brasileiro da década de 20. Vejamos os que nos
relata Della Paschoa RODRIGUES ([s.d.]):
O movimento modernista da década de 20
ambicionava tornar o Brasil uma nação com forma própria,
conquistando nossa individualidade cultural e um lugar no ‘concerto
das nações’, como dizia Mário de Andrade12.
Nessa tarefa, o autor modernista, baseando-se em certas teorias
históricas e filosóficas, empenhou-se em produzir um trabalho que
afirmasse a entidade nacional e assim criou o seu Macunaíma.
[...] Mas a cultura brasileira não
morre de todo. Mário, de certa forma, acredita no Brasil e deixa, no
final do livro, a possibilidade de construirmos a nossa cultura:
Macunaíma, na verdade, não morre, sobe para o campo vasto do céu,
vira tradição, que poderá ser resgatada e transmitida (como aliás,
é transmitida ao próprio Mário no Epílogo).
Essa visão otimista com relação à
formação de uma nação brasileira, Mário deve a Keyserling, único
pensador que teve sua influência creditada explicitamente, num dos
prefácios inéditos.
Na concepção de Keyserling, o homem é
uma entidade real que se manifesta através de criações culturais.
A teoria dele, assim como a de Herder, afirma o particularismo das
culturas e ao mesmo tempo seu lugar universal. O conceito de cultura
keyserlinguiano está relacionado a um passado vivo e a cultura “é
a forma da vida, como imediata expressão do espírito (...) é
obrigação com relação a um passado vivo, (...) é exclusiva e,
portanto, estritamente limitada no exterior; é essencialmente
unitária, pelo que cada coisa particular nela pressupõe e alude à
totalidade” (que, enfatizamos, é o conceito utilizado pelos
modernistas de 20). Mas, diferentemente de Spengler, para ele “todas
as culturas tradicionais do planeta estão em decadência”, não só
a civilização ocidental. Mas se Keyserling considera que todas as
culturas tradicionais estão em decadência, porque centradas “no
irracional, no impulsivo” – que é intransferível e, assim, não
dando continuidade à cultura, por outro lado, a cultura pode ser
perpetuada através de tradições vivas. (RODRIGUES,
[s.d.])
Figura
2: Graf
Hermann
Keyserling.
É nítida a influência
keyserlinguiana - de forma análoga, na década de 30,
insurgiu-se o filósofo alemão com ferocidade contra o então
surgente nacional-sindicalismo na Alemanha - nesse processo descrito
por RODRIGUES ([s.d.]); e ele ainda, firmando o incontestável
influxo da filosofia de von Keyserling no dar
fundamento e no surgir da ‘nova’ cultura brasileira, acrescenta:
Mário compartilhava do otimismo de
Keyserling, que acreditava que a tradição viva era a via de
transmissão da cultura, a despeito da decadência inevitável das
civilizações. Por isso Macunaíma, apesar de ter perdido a
muiraquitã (a cultura brasileira) vira constelação (tradição).
Ou seja, agora ele se transformou em instrumento de transmissão do
que poderia vir a ser a entidade brasileira. O projeto andradiano,
portanto, pode ser resgatado pelas gerações futuras.
Para Keyserling uma nova cultura se
desenvolve ‘quando da mescla se origina o equivalente a uma nova
raça definida’. Esse postulado permite Mário de Andrade conceber
a gênese da Raça brasileira, criando seu herói a partir da mescla
das três raças tristes (índio, branco e negro). Nosso herói,
infelizmente como sabemos, deixa que sua porção branca oprima as
outras e se vende à civilização decadente, não definindo uma nova
Raça. Cabe ressaltar aqui que a porção branca de Macunaíma –
vinda dos portugueses – já era mestiça e não se constituía como
Raça; citando Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil: os
portugueses apresentavam ‘ausência completa, ou praticamente
completa de qualquer orgulho de raça (...) Essa modalidade de seu
caráter explica-se muito pelo fato de serem os portugueses um povo
de mestiços’. (RODRIGUES, [s.d.])
Arremata ainda RODRIGUES:
Mário de Andrade encontra outro ponto
de apoio em Keyserling, com relação à aversão à
industrialização nascente, ao capitalismo verdadeiro, como nota C.
Berriel (1987):
‘Keyserling oferece uma alternativa
“não-burguesa” de leitura da realidade histórica, ao rejeitar a
economia e a materialidade como formas explicativas. Assim, a crise
da sociedade contemporânea pôde ser vista, tanto por Spengler e
Keyserling, como por Mário de Andrade, como uma crise da cultura
pura e simplesmente’.
Todas essas postulações
keyserlinguianas deram base para que Mário criasse seu ‘poema
fundador’ da raça brasileira ligada à paisagem tropical, e, por
conseqüência, desenvolver a cultura brasileira. Ao pessimismo de
Spengler, Mário prefere a possibilidade keyserlinguiana de manter a
tradição brasileira viva, na esperança de que ela venha a se
despertar novamente; por isso mesmo é que escuta do papagaio a vida
do herói de nossa gente e nos transmite. (RODRIGUES, [s.d.])
Com isso, resta claro, que
von Keyserling a partir da sua visão de filosofia
influencia diretamente no cultural, na constituição de uma raça,
na evolução de uma nação: é a mais pura práxis da filosofia
keyserlinguiana. A sua Filosofia da Cultura contribui com
incisividade para um melhor entendimento entre os povos.
Em
todo
esse
complexo
e
amplo
percurso
ontológico,
vislumbra-se excelentes perspectivas de análise do presente problema
à luz da expressão da Escola da Sabedoria keyserlinguiana,
já que, em KAYSERLING, essa se utiliza de conhecimentos, que “dever
servir claramente e em sentido único à preparação de caminho de
um estágio superior do se tornar humano”14
e “ela
exige supremacia do ser sobre a habilidade, do senso da hierarquia
espiritual para todos os problemas práticos”15
(apud
ARNOLD VON KEYSERLING[2], 1981).
Justamente,
essa
supremacia do ser sobre a habilidade
e a hierarquia
espiritual do senso
na práxis de que fala a teoria keyserlinguiana,
pode revelar uma diferenciação fundamental na análise dos dois
sistemas.
Dessas premissas, se
levanta as seguintes hipóteses:
- A instrumentalização curricular dos Escolas de Governantes não serve ao interesse público.
- A formação caractereológica, filosófica e sociológica é fundamental para o preparo do homo politicus.
- A supremacia do ser sobre a habilidade e do senso da “hierarquia espiritual” para todos os problemas práticos deve ser o objeto especial e fundamental da formação nas Escolas de Governantes.
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trágico
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Artigo
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Seminário
do
Grupo
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Centro
de
Humanidades
– UECE,
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24 de
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2
“The
main
argument
that
the
essay
makes
is
that
through
constant
search
for
the
truth,
through
continuous
discussions
and
„disputations‟,
the
university
should
retain
its
core
function
that
is
the
production
of
knowledge.”
5
„Es
ist
also
für
jeden
einzelnen
Menschen
schwer,
sich
aus
der
ihm
beinahe
zur
Natur
gewordenen
Unmündigkeit
herauszuarbeiten.“
6
„Daher
gibt
es
nur
wenige,
denen
es
gelungen
ist,
durch
eigene
Bearbeitung
ihres
Geistes
sich
aus
der
Unmündigkeit
her
aus
zu
wickeln,
und
dennoch
einen
sicheren
Gang
zu
tun.“
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10
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WIKIPEDIA,
DIE
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ENZYKLOPÄDIE
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Graf
Keyserling],
2010).
11
„Die
Wirkung
seines
Auftretens
prägte
die
Vorstellungen
von
dem,
was
ein
Philosoph
in
der
Öffentlichkeit
sein
kann.“
12
ANDRADE,
Mário
de.
Macunaíma:
o
herói
sem
nenhum
caráter
– Edição
crítica
de
Telê
Porto
Ancona
Lopez.
Rio
de
Janeiro:
Livros
Técnicos
e
Científicos,
1978 (Apud
RODRIGUES,
[s.d.]).
13
http://www.ulb.tu-sarmstadt.de/spezialabteilungen/handschriten_musikabteilung/handschriften_historischedrucke/
nachlaesse_autographen/keyserling.de.jsp
14
sie sollte eindeutig und
einsinnig der Wegbereitung
eines höheren Stadiums
der Menschwerdung dienen
15
Sie erfordert Supremat des
Seins über das Können,
des Sinns für geistige
Hierarchie gegenüber allen
praktischen Problemen.